Vila Jazz aposta na “versatilidade” musical
O ciclo de concertos, cuja programação foi apresentada a 25 de Fevereiro, em conferência de imprensa em Grândola, resulta de uma parceria entre a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG) e a câmara municipal, iniciada em 2014, com o intuito de dinamizar o Cineteatro Grandolense.
Este ano, os promotores procuraram dar “alguma versatilidade” à programação, com uma aposta em concertos “mais intimistas, duos, trios, música original, adaptações do reportório mais tradicional, grupos com guitarra, sopros e voz”, revelou à agência Lusa o curador do evento, o músico Bruno Santos.
“Para um primeiro contacto, acho que é importante mostrar essa vertente do jazz que é um bocadinho mais direta e diria também mais feliz, mais para cima, ainda que possa ser contemplativa em alguns concertos, mas um repertório mais direto para ligar as pessoas ao estilo musical”, argumentou.
A temporada de 2023, que arrancou em janeiro, com o espetáculo do trio Romeu Tristão e Clara Lacerda, prosseguiu, dia 25 de Fevereiro, com o concerto do quarteto de Margarida Campelo e o cancioneiro norte-americano, com a participação do compositor, produtor e multi-instrumentista Bruno Pernadas, João Fragoso (contrabaixo) e Miguel Fernández (bateria).
Margarida Campelo “é uma pianista e cantora super talentosa e versátil” e, no concerto, realizado, “apresentou repertório de clássicos de jazz reinterpretados por ela com uma “roupagem” um bocadinho diferente”, disse o curador.
O Grândola, Vila Jazz surgiu depois de, em 2021, o município ter apresentado uma candidatura à Direção-Geral das Artes, que, entre outras iniciativas, incluía uma temporada de jazz com “um programa muito mais ambicioso”, explicou à Lusa a vereadora da Câmara de Grândola, Carina Batista.
Apesar de a candidatura “não ter sido aprovada”, o município decidiu dar continuidade aos espetáculos e, este ano, apresentar “um projeto mais consolidado”, num “investimento superior a 20 mil euros”, com concertos “todos os meses, à exceção de julho e agosto,” até novembro e “com entradas gratuitas”, frisou.
A autarca, que assumiu a “ambição de tornar a vila de Grândola” num “dos locais de referência do jazz em Portugal”, explicou que o evento está inserido “na estratégia cultural do município”, assente “na diversificação, no aumento progressivo das atividades” e com “primazia” para “parcerias com as coletividades locais”.
A programação inclui ainda os concertos de André Carvalho “Lost in Translation” (31 de março), do duo Gonçalo Sousa e Carlos Garcia (29 de abril), “Bond” do Afonso Pais Trio (26 de maio), Cantigas de Maio (30 de junho), da banda Long Ago and Far Away (30 de setembro), de André Rosinha Trio (27 de outubro) e dos Alma Nuestra (25 de novembro).
Clássicos da música sul-americana, repertórios dos grandes cantautores da revolução de Abril, música popular brasileira e repertórios originais e adaptações são algumas das propostas.
“A sala não é grande, mas esperamos ter sempre público suficiente para tornar a sala acolhedora, [até porque] nos últimos concertos tem havido maior consistência de público, as pessoas vão com mais regularidade e penso que vamos consolidar essa tendência com um ano inteiro de concertos”, concluiu Bruno Santos.